segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Coisaaaahhhhhhhhh!

Há muitos anos atrás, fui para uma praia no interior da Bahia com um amigo, dicas de passagem, uma viagem não tanto agradável. Considerando que fui queimado por uma água viva, fiquei com uma febre danada de ruim, que pisei em algo que perfurou meu pé e adentrou tão profundamente, que passei a semana toda mancando e sem saber porque ainda doía tanto, e que só mais tarde descobri que era um pedaço de caco de vidro, sendo moído entre meus pequenos nervos da sola do pé, que fui perseguido por um marimbondo cavalo em plena orla da praia, resultando ema digna cena de “vídeo-cassetada”, que comi uma farofa tão apimentada, que parecia ter mais pimenta que o próprio vidro da pimenta, e tantos outros acontecimentos que poderia ficar aqui relatando. Bem, Estava tudo uma maravilha, tudo dando certo para um belo passeio turístico.
Mais, depois de todo este relato, algo bom e interessante haveria de acontecer.
No final da semana, sentei na areia e comecei a cavar um enorme buraco, me enterraria deixando apenas a cabeça de fora, e tiraria aquela bizarra fotografia. Naquele arqueológico momento, entre as profundezas das escavadas, tive meus olhos ofuscados pelo brilho de um pequeno pote de cor, formato muito peculiar e diferente. Foi praticamente uma descoberta faraônica, depois de tantos dias ruins e azarados naquele verão. Era um recipiente muito bem tampado e com difícil visualização do seu interior. Com essa descoberta, já se passavam mil e uma coisas, em minha humilde e fértil mente. E já me indagava:
O que será que tem dentro deste exótico pote?
Vendo tudo aquilo, meu amigo também ficou muito interessado no objeto e seu conteúdo. Saí da cratera subterrânea e fui abrir o pote já com ansiedade, fiz tanta força para tirar aquela tampa, que meus dedos quase foram dilacerados. Aquilo deveria estar enterrado há anos, completamente emperrado.
Meu colega, vendo toda aquela dificuldade, pegou o pote de minha mão, e fez um enorme esforço para abri-lo, não obtendo sucesso, também quase perdeu os dedos de tanto fazer força. O pote estava tão difícil de ser aberto, que a cada tentativa, ficávamos mais ansiosos e imaginando o que poderia estar lá dentro. Ao balançar, o barulho era muito parecido com de um colar, quem sabe até um de pérolas. Passamos mais ou menos uma hora tentando abrir o famigerado vidro, até pensamos em quebrar, mas com receio de ter algo valioso dentro, e grandes chances de estragarmos nosso premio, logo desistimos. Quem sabe, lá teria um grande tesouro vindo do fundo do mar.
Por fim, forçamos tanto, que a tampa começou a ceder. Já era meio dia, 41 graus, e a agente de baixo daquele sol escaldante, lutando contra o pote.
Sendo assim, com meu último suspiro, fiz o máximo de força possível alcançando o rompimento do destemido vidro. Continuei desenroscando entusiasmadamente, e quando consegui abrir...

?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

Pelos meus dedos, escorreu uma “Coisa” esverdeada, com leves rajadas marrons e negras, e quase que instantaneamente, exalou um grande perfume do além, muito conhecido como odor da flor do pântano, devia estar chocada há séculos naquela areia. Isso mesmo que você leu, o pote estava cheio de fezes fétida e choca.
Foi uma cena grotesca e horripilante, como a “A coisa”. Invadiu o canto dos meus dedos, e entrou nas frestas das minhas unhas. Aquilo escorreu pelas minhas mãos, e quase fizemos uma cena de vômitos coletivos, o odor era tão forte, que até o vira lata ao lado, saiu em disparada.
Logo em seguida, corri para o banheiro do quiosque mais próximo, e lavei aquela porcaria que quase derretia meus dedos, com minha santa inocência, enfiei a mão na torneira e lasquei um sabonete em cima. Resultado disso:
Os ácidos graxos do sabão fixaram ainda mais o cheiro, e pioram toda aquela “fedolência”.
Conclusão:
Três dias com os cantos das unhas fedendo ao extremo, por mais que eu lavasse, aquele mau cheiro não me largava, como dizia o bom e velho “Cosmos Kramer”, aquilo colou em meus dedos, igual fedo gruda nos macacos, e quanto mais produtos eu jogava nas minhas mãos, mais o mau cheiro fixava em minha pele.
Foi terrível. Três dias e três noites com os dedos fétidos e grudados no meu corpo.
Era um mau cheiro insuportável.
Hoje em dia, se achar um pote desses enterrado em qualquer lugar, eu corro léguas.
Sarto de banda!
Que “coisa” meu.