quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Trilhas e grãos



Demorei, mas voltei.
Cada vez mais difícil escrever.Escassez de tempo.
Essa é das antigas.
Há muitos anos atrás, decidi comprar um veículo e comecei aquela famosa economia. Não gastava com quase nada, apenas com o que era muito necessário. Precisava juntar o dinheiro para comprar o Batmóvel.
Nesta época, todos os dias que saia do trabalho, eu caminhava até um ponto de ônibus na rua São Paulo. Lá, sempre tinha um pipoqueiro que fazia aquela pipoca de Bacon. Aquela que cheirava o quarteirão inteiro.
Todo dia seguia à mesma rotina, caminhava até o ponto de ônibus, e lá chegando me deliciava com aquele agradável cheiro de pipoca. Aquilo realmente infiltrava em minhas narinas e me levava a loucura.
Adoro pipoca, principalmente se estourada em panela. De bacon então nem se fala.
Por muitos meses caminhei até aquele ponto de ônibus, e o pipoqueiro me torturando com aquele aroma da pipoca de bacon. Mas nunca comprava.
Vocês devem estar pensando que eu era cara pão duro. Só porquê não comprava uma pipoca que desejava todos os dias.
Eu sei que parece idiota, mas sempre fui muito determinado, e quando coloco alguma coisa na cabeça, sou bem persistente e procuro alcançar meu objetivo a todo custo. Às vezes sou até muito rigoroso como perceberam. A ponto de me torturar com aquele aroma “pipoquístico”. Mas mantinha o foco no carro.
Bem, como descrevi acima, por muitos meses repeti aquele mesmo trajeto na saída do trabalho, e sempre que me aproximava do ponto de ônibus, a primeira coisa que eu sentia, era o cheiro da pipoca. Depois via as pessoas comprando a pipoca e se deliciando na barriga do suíno. Era uma festa.
O carrinho de pipoca ficava em frente a uma movimentada igreja, sendo assim, era saída de pipoca na certa.
Háhhh, mas depois de todos aqueles dias de caminhada torturantes, era chegada a hora da “Bonanza”. Era sexta-feira e eu ia sair de férias na empresa. E possivelmente já compraria o tão sonhado carro. Saí disparado pelo meu caminho matinal, e já sonhando acordado com a deliciosa pipoca de bacon do tiozinho.
Lembro-me perfeitamente deste dia. Por ser sexta-feira como já citei, o centro da cidade estava lotado, e isso dificultava minha nova trajetória em busca do cálice perdido. Eu desviava das pessoas com aquele sorriso nos lábios e com meus pensamentos nos graúdos grãos de milhos. Já tinha até separado as moedas para a aquisição dos bens. Tudo premeditado.
Fui ansioso para aquele encontro. Afinal de contas, mais de um ano naquela agonia, era merecido uma degustação peculiar.
Desci a rua Espírito Santo, vazado! Atravessei a Avenida Augusto de lima e quando virei na esquina da São Paulo...
- ??.........................
O tiozinho não estava lá!”Necas” de carrinho de pipoca.
Putzaaaaaaa!
Tantos meses se passaram, e ele sempre esteve lá. Guerreiro, persistente. Fizesse sol ou chuva. Só me restava ir embora.
Entrei no ônibus desolado e fui para casa curtir o início das minhas férias. Que estimulo. Férias... O que seria isso perto daquele saquinho de pipoca.
Chegando em casa fiz uma pipoca, mas não tinha bacon e tão menos aquela emoção e expectativa da “Capopi “do tiozinho.Bacon então, nem imaginava como usava nas miudezas.
Fui comer aquela pipoca só dois meses depois. Podem acreditar.
Massssssss..
Estava com meu carro!“Ahhh mulequeeeee!!!”.Era dali para o estacionamento.

Ps – Quase comprei uma laranja neste dia ao invés da pipoca. Rs. Falo sério.